A Vida

A Alvorada foi risonha,
Ergueste-te com o dia.
Eu fiz, naquela alvorada,
Uma alegre profecia.

Inda radiava fulgente
Vénus, a saudosa estrela,
Já tu ornavas as tranças
E cantavas à janela.

E dos laranjais vizinhos
Os rouxinóis acordados
Respondiam-te com trinos
Da tua voz namorados.

Dos virentes jasmineiros,
Que a primavera enflorava,
Vinha cheio de perfumes
O vento que te beijava.

Quem dissera então ao ver-te
Nessa risonha alvorada,
Que à noite, estrela cadente,
Serias inanimada?

0 Response to "A Vida"